sábado, 22 de outubro de 2011

R e s v a l e

A vontade me bate e vai embora
Desejo fazer, refazer, realizar
Há em mim muita ânsia de viver
Dizem que sou amarga, que tenho raiva
Mas o que a vida fez de mim?
O que fiz da vida em mim?
Vivi pouco, que bastou para amargurar-me
Sou nada, nada de tudo que ainda posso me transformar
Posso ser o que quiser
Quero apenas adocicar esse meu jeito rude de olhar
Talvez ainda não saiba ser doce
Sou brava, uma brava mulher sem bravura alguma
A vida me fez inóspita
Mas por enquanto sei que não sou mulher doce

Sou apenas resultado vivido dessa imaculada raiva contida.

domingo, 16 de outubro de 2011

Mundo ácido.

Há dias que vivo em um mundo à parte.
Há dias em que vivo em uma parte do mundo.
Começo a achar que esses pedaços já não me pertencem mais,
E então devoro tudo que está fora de meu alcance.
Os pedaços inalcançáveis fazem um reboliço imenso dentro de mim,
Então sou obrigada a vomitar números debitados em minha pobre conta do banco.
Há dias que meu estômago grita dizendo que a parte do mundo que eu havia devorado não me caiu bem, provocando assim um mal estar imensurável. 
Andam me dizendo que estou um tanto insuportável. Mas afinal, quem suporta viver com uma eterna azia causada pelo mundo? 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

I... mundo

A imensidão é composta de uma multidão imersa de exageros frívolos
A minha imensidão, quero compor de um imenso vácuo arcaico
Observo a realidade se desrealizando
Cores desleais;
Tamanhos irreais;
Seres canibais...
A imensidão devorando uma tão estranha “oquidão”.
Que imenso é esse?
As respostas me são dadas, mas não consigo capta-las...
Se meu ouvido pudesse falar, ele seria mudo.

domingo, 2 de outubro de 2011

Narcisontem

Que espelho que comprou?
Se vestiu de Marlon Brando
De Elvis Presley se penteou
E na noite abalou.
Que mulheres que comprou?
Quantos dedos que findou?
Quantas frases recitou?
Quantas línguas embalou?
Em quantas orgias se enfiou?
Quantas biritas tu pagou?
Em quantos corpos que gozou?
E após tanta lambeção,
Com um espelho se deparou.
Sua gasta imagem lhe flagrou
No sofá se sentou
De algo alcoólico se sedou.
E em sua exaustão
Chegou a duvidar
Que se afogar
De Narciso
é em vão.